Uma pessoa que conheci há alguns anos atrás costumava dizer:
“a única certeza da vida é que um dia tu vai mudar de ideia”. Eu duvidava. Mas
mudei de ideia.
Tenho esse hábito de achar que tenho o poder de planejar passo
a passo a minha vida, mas cada vez tenho me surpreendido mais em como ela muda
de rumo. E não só porque alguma coisa externa atrapalha, mas porque eu mesma
mudo de ideia. Gosto muito daquela música do Chico Buarque que diz: “A gente
quer ter voz ativa, no nosso destino mandar. Mas eis que chega a roda viva e carrega
o destino prá lá ...”
Eu (pensava que) sabia como seria meu próximo namorado. Uma
noite, numa mesa de bar, cheguei a fazer uma brincadeira com a minha irmã; num
papel uma tabela. De um lado, o que meu namorado podia ter/ser/fazer. Do outro,
o que não podia de jeito nenhum. Dentre as obrigatoriedades, deveria estar formado.
Mas não poderia se chamar Alexandre de jeito nenhum.
No fim das contas, não se chama Alexandre mesmo. Mas jamais constaria na minha tabela
de possibilidades um vegetariano budista tatuado que toca violão. E universitário.
Parece que mudei de ideia. E falando em universidade, eu, que me formei com 21 anos
e tinha a mais absoluta certeza de que aos 23 seria mestre e aos 25 doutora com
uma carreira sólida no jornalismo, aos 24 serei bixo de psicologia. Mais uma
vez mudei de ideia. A delícia disso tudo é que no meio dessa troca de ideia
cruzamos com gente muito legal pelo caminho, ouvimos novos sons, sentimos
outros gostos, pisamos em outros solos.
O pessoal aqui de casa reclama que só toco músicas tristes
no piano. Fazer o quê? Eu acho as músicas tristes as mais bonitas. Quem sabe um
dia desses mudo de ideia e o povo aqui não acorda com uma bela marchinha de Carnaval?