terça-feira, 26 de junho de 2012

Mudei de ideia




Uma pessoa que conheci há alguns anos atrás costumava dizer: “a única certeza da vida é que um dia tu vai mudar de ideia”. Eu duvidava. Mas mudei de ideia.

Tenho esse hábito de achar que tenho o poder de planejar passo a passo a minha vida, mas cada vez tenho me surpreendido mais em como ela muda de rumo. E não só porque alguma coisa externa atrapalha, mas porque eu mesma mudo de ideia. Gosto muito daquela música do Chico Buarque que diz: “A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar. Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino prá lá ...” 

Eu (pensava que) sabia como seria meu próximo namorado. Uma noite, numa mesa de bar, cheguei a fazer uma brincadeira com a minha irmã; num papel uma tabela. De um lado, o que meu namorado podia ter/ser/fazer. Do outro, o que não podia de jeito nenhum. Dentre as obrigatoriedades, deveria estar formado. Mas não poderia se chamar Alexandre de jeito nenhum.

No fim das contas, não se chama Alexandre mesmo. Mas jamais constaria na minha tabela de possibilidades um vegetariano budista tatuado que toca violão. E universitário. Parece que mudei de ideia. E falando em universidade, eu, que me formei com 21 anos e tinha a mais absoluta certeza de que aos 23 seria mestre e aos 25 doutora com uma carreira sólida no jornalismo, aos 24 serei bixo de psicologia. Mais uma vez mudei de ideia. A delícia disso tudo é que no meio dessa troca de ideia cruzamos com gente muito legal pelo caminho, ouvimos novos sons, sentimos outros gostos, pisamos em outros solos.

O pessoal aqui de casa reclama que só toco músicas tristes no piano. Fazer o quê? Eu acho as músicas tristes as mais bonitas. Quem sabe um dia desses mudo de ideia e o povo aqui não acorda com uma bela marchinha de Carnaval?