quinta-feira, 18 de agosto de 2011

(muito) Bem acompanhada



Sempre tive um pouco de dificuldade em ficar sozinha. A minha casa usualmente está cheia de gente, dividi o meu quarto durante vários anos com a minha irmã mais velha e sempre tive uma porção de amigos. A solidão, pra mim, não era algo comum.

Quando essa minha irmã saiu de casa, fiquei com um quarto só meu pela primeira vez. E foi quando experimentei uma solidão gostosa. As minhas coisas, do meu jeito, no meu espaço. Uma das minhas melhoras amigas uma vez me disse que gosta muito de ir ao cinema sozinha, coisa que eu nunca fiz. Eu disse pra ela que as pessoas de certo ficavam olhando com pena, pensando que não tinha ninguém pra acompanhar aquela pobre criatura. Essa minha amiga, a Carol, me respondeu sorrindo: "Juju, o dia que tu souber aproveitar a tua companhia, tu nunca vai te sentir sozinha".

Isso faz uns anos já. E, na época, não fez sentido. Hoje, já começa a fazer. Não gosto, por exemplo, de sair pra almoçar sozinha. Acho chato, me dá vontade de falar, de pegar a batatinha do prato alheio. Mas confesso que ultimamente tenho experimentado pequenos prazeres ao estar sozinha. Dia desses fui num café, sentei, tomei um chocolate quente, li, fiz anotações e depois me encontrei com amigas. Pra minha surpresa, as duas partes do programa foram interessantes. Me senti bem por estar sentada ali, em minha própria companhia.

Uma vez na semana vou a pé pra aula de piano. Dá uns 30 minutos caminhando. Essa é uma atividade que eu aprecio muito fazer. De fones nos ouvidos, entre Beatles e peças de piano, chego na aula em minha própria companhia, e é uma das partes do dia que mais gosto. Num desses raros sábados com sol em Porto Alegre, fomos eu, minha bolsinha, os Beatles e as peças de piano darmos umas voltas sem nenhum rumo específico pelo bairro onde eu moro. Entrei em uma livraria, quis tudo e não levei nada, comprei presentes para pessoas queridas, entrei em ruas que nunca tinha passado antes e voltei pra casa. Sei que pra algumas pessoas isso é a coisa mais corriqueira do mundo, mas ficar sozinha, ou melhor, acompanhada de mim mesma, tem sido uma experiência nova e, por que não, prazerosa.

Ainda não tive coragem de me munir de pipocas e assistir a um filme no cinema sozinha. Mas estaria eu experimentando aquilo que a minha amiga Carol já descobriu há alguns anos?



Um comentário:

  1. Tive essa experiência quando fui pra França...aprender a apreciar a própria cia faz com que fiquemos confiantes a respeito de quem somos. Cheguei a descobrir características minhas que não conhecia....

    Vou mto ao cinema sozinha tb. Teatro e jantinhas estão na lista de coisas que gosto de fazer com os outros...mas, principalmente, comigo! =]

    Aproveita essa descoberta! Isso só melhora e só te traz coisas boas! =D By the way, adorei a idéia do blog novo...preciso urgente realibitar o meu.. =]

    Bjocas

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